terça-feira, 17 de julho de 2012

O ERRO NA PROJEÇÃO DO AMOR


Em cada etapa da evolução do ser humano o amor vivencia revelações relacionadas ao próprio processo evolutivo.

É muito comum depararmos com o amor possessivo, o “meu” namorado, a “minha” esposa, que, nada mais é do que uma herança do pretérito que pode passear pelos dissabores das enfermidades emocionais, muito comuns nos dias atuais, levando ao crime, em razão do ciúme, da insegurança, da ausência da autoestima e do desconforto moral, que converge ao ser imaturo, mergulhado na infância emocional, que anseia receber sem dar, ou quando dá espera a retribuição imediata e compensadora, ao mesmo tempo em que, os processos educativos castradores, sob forma de punição e recompensa, métodos coercitivos de orientação emocional entorpecidos em preconceitos e em regras rígidas desenvolvem no adolescente e se aprofundam mais tarde, na fase adulta, conflitos que não existiam na infância e que geram medo, ansiedade, fingimento e desconfiança em relação às demais criaturas e à sociedade como um todo.

 Assim ocorrendo, o que resta é o fascínio exercido pela função da libido que leva à necessidade da conquista do par, daquele que desperta o desejo, a qualquer preço, dando lugar a sentimentos que não correspondem à realidade. Logo, então, passado o período da novidade sexual, as máscaras afixadas e projetadas na face daquele que se desejou conquistar, caem, dando lugar à decepção, ao desencanto, e o suposto amor transforma-se em frustração, agressividade e ódio.

Somente ama aquele que é feliz interiormente, o “eu” feliz, desprovido de conflitos, isento de preconceitos, seguro de si e identificado com a vida, rumo à individuação.

Fernando André Costa
Psicoterapeuta

segunda-feira, 9 de julho de 2012

O AMOR COMO MÉTODO PSICOTERAPEUTICO


A nossa relação homem e mulher contemporânea, herdou séculos de individualismo e competitivismo, caracterizada pela dominação do outro, gerando ansiedade, desmotivação para os ideais interiores, insatisfação e o vazio existencial, contrário ao auto-amor.
A partir de amar-se a si mesmo, o indivíduo amadurece os sentimentos de compreensão da vida e de deveres morais para com a própria evolução psicológica. Esses descobrimentos permitem ao homem a identificação dos valores reais e imaginários, rasgando o véu que esconde os “receosos” limites e as “insuportáveis” imperfeições, a fim de prepará-lo para a superação, trabalhando com empenho e sem exigências desnecessárias, perdoando-se quando erra até alcançar o êxito.
O amor não pode jamais ser biológico ou ocasional, deve ser acima de tudo espontâneo, sem forma, sem imposições, sem cobrança e sem exigência de retribuições. Desse modo, o amor não gerará dependência, a que se apegam os ansiosos, os fracassados, os angustiados, que transferem seus conflitos para o outro, necessitando de uma segurança que ninguém pode lhe oferecer, a não ser ele próprio.  Não é difícil encontrar um relacionamento cuja base está no jogo de interesse de dois indivíduos solitários que buscam uma relação de compensação, engajados por um pseudo-amor, quando, na verdade, estão se esquivando da solidão, daquele vazio interior que suscita perturbadoras neuroses.
Para que haja ternura no relacionamento se faz necessário que existam forças morais, oriundas do autoconhecimento e do abandono das máscaras ilusórias, que antes traduziam o amor, para superarem as vicissitudes sem que se perca a individualidade e os sonhos. O amor é o mais eficiente método psicoterapêutico ao alcance de todos.

Fernando André Costa
Psicoterapeuta
CRP 02/15517